sábado, 27 de agosto de 2016

eu visto meu jeans rasgado e parto em busca de mim, pelas ruas me sirvo e disfarço os medos e anseios, eu tenho um discurso que esfola a conduta da mocinha perfeitinha de fala mansa, eu grito minhas incertezas pintando um colorido nas calçadas e passo por você, te abraço, a gente dança e sente o desejo nos espreitando, subindo pela coluna cervical, eu não quero saber nem te convencer de nada, é um traço firme, são palavras deixadas ao pé do ouvido, repetidas pelos olhos, a gente morre um pro outro e se esquece que o mundo lá fora está desesperado, eu visto meu jeans pra te ver tirando tudo, eu sonho com isso quando eu visto meu jeans rasgado, esse ritmo noturno, a rua nua e seca, o asfalto coberto pela noite, as estrelas caídas no chão, eu me esqueço por alguns segundos num gozo suicida, meu coração é um cardiograma desenfreado, é maldito e bonito, são belas as ilusões, essa doce liberdade que se acaba ao amanhecer, eu acordo e vejo meu jeans jogado no chão, é como se eu não estivesse mais ali.

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