quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A tão esperada paz de espírito

As coisas andam bem. O humor está melhor e o coração também. Continua vazio, mas tão tranqüilo que nem parece estar vazio. A estima melhorou, voltei a ter a minha velha e boa confiança de quando tinha 15 anos e não precisava de ninguém a mais p/ sorrir à toa. 
Às vezes me sinto como uma das personagens de Sex and the City, fazendo dele um grande amigo que beijo de vez em quando. Mas isso não é tão mal como eu imaginava. É mais fácil, é só o que preciso no momento. Uma liberdade toma conta de mim de uma tal forma que as coisas que antes pareciam tão complicadas se simplificaram totalmente. 
Estou em paz como há muito tempo não me sentia. 
E que seja assim enquanto puder, porque sinceramente não tô afim de me preocupar com grandes relacionamentos agora.

Medindo as palavras

Dependendo das pessoas com quem a gente convive acabamos por aprender certas coisas. Eu aprendi à medir certas palavras e comentários na frente de certas pessoas. Principalmente quando não estou afim de arranjar confusão à toa. 
Mas chega uma hora que cansa, sabe?! Pessoas que são sensíveis demais na hora errada, que não entendem nunca o sentido do que falamos e por qualquer coisa estouram de uma tal forma que eu não consigo e nunca vou conseguir entender. Se pelo menos tais pessoas fossem muito gentis e simpáticas, tudo bem eu até entenderia. Mas não! São uns grossos que partem para a ignorância por qualquer besteira e não aceitam nada de ninguém. Depois tem gente que ainda reclama que não há diálogo. Mas como pode haver diálogo se uma das partes não consegue se expressar de forma decente?!
Esse é um dos motivos que me fazem ter muita vontade de morar sozinha. Mas isso fica p/ um outro dia.

É só medo...

O que acontece é que eu tenho medo. Eu estou feliz, estou segura em relação à várias coisas, mas acho que ensinei meu coração a não aceitar nada de ninguém, por medo. Só de pensar em me entregar de novo, em colocar toda minha confiança em alguém, em cair de cabeça em outra relação investindo tempo e energia, eu fico apavorada. Fico estática, não consigo nem imaginar tal coisa. Eu tô legal, tô bem, às vezes bate aquela carênciazinha normal, mas não consigo considerar um outro alguém na minha vida fazendo juras vazias em troca de tudo o que puder tirar de mim. Tenho medo de ficar com alguém e me apaixonar. Tá tão bom assim sem ninguém, só eu. Ninguém para tomar conta, para ter que dar atenção, para ter que dar uma parte de mim. Não tô afim de me dividir de novo, de me repartir de novo, de perder minhas partes em corações que não vão me devolver nada. O que eu sinto não é só uma desencanção, um desprendimento, é medo. Medo de me magoar de novo. Medo de ter o meu coração recém reformado partido de novo.

Vazio

Me sinto parte de nada. Um nada sem fim, um buraco negro vazio e triste. Não me sinto parte de alguém, nem da vida, nem do mundo. Sinto como se no próximo passo dado fosse derreter, sumir, evaporar. E como se isso fosse normal. Como se fosse a coisa certa a acontecer. E às vezes eu penso que seria. Seria mais simples inexistir, não seria? Sumir por debaixo do tapete da sala e esquecer a essência, a imagem, a voz e o cheiro. Esquecer de tudo e de todos. Esquecer a dor e a solidão que por mais que fique distante de mim por um tempo, sempre volta a me atormentar quando eu menos espero.

E que seja eterno de verdade

Eu não acredito em príncipe encantado. Mas, como diria alguém que agora não lembro quem, torço para que me provem que eu estou errada. Mesmo não acreditando em príncipes, princesas, castelos e dragões de contos de fadas, sonho ter um alguém para a vida toda de verdade. Alguém que me considere sua princesa, que construa comigo o nosso castelo, mesmo que seja pequeno e que me ajude a enfrentar os dragões de verdade que surgem todo dia para tentar me assustar e me fazer desistir. Um alguém que me ensine o que realmente valha a pena ser aprendido, que faça as minhas vontades sem se esquecer das vontades dele, que me repeite acima de tudo e tenha paciência com meu gênio forte. Alguém que não desista de mim na primeira dificuldade, e que me acompanhe de perto, sempre caminhando do meu lado. Quero uma família nossa, dessas bem grandes que fazem almoço de domingo e festas enormes de fim de ano. Quero que mesmo que estejamos velhos, gastos e cansados de tudo o que a vida já nos fez passar, continue me olhando como se eu fosse a única mulher que existe na Terra, que continue passeando de mãos dadas mesmo que o passo tenha ficado mais lento, que ainda me roube beijos, mesmo que seja só um selinho, porque não consegue mais dar aqueles beijos cinematográficos de quando éramos jovens. Um alguém que esteja comigo até quando puder, até quando ele se for dessa vida, ou até quando eu viver. 
Eu sonho com um amor para a vida toda, e enquanto acreditar nisso, vale a pena continuar vivendo.

O de sempre

Me esforço em ser bem humorada. Em causar boas impressões apesar de não fazer muita questão em vários momentos. Tento ser indiferente ao que me incomoda, guardo lá no fundo tudo aquilo que não quero que transpareça, me faço de forte, de dona de mim. Mas sempre tem aquelas fases em que não dá para segurar a onda tão bem. Quando você olha um céu espetacular ou lê um texto tocante e vem aquele enjôo na boca do estômago. O mal-estar de quem se sente vazio demais, mesmo quando está cheio de tudo. Aquela angústia de quem não se acha suficientemente boa para ver aquele céu ou para ler aquele texto.
A vida pesa, o dia pesa, e encurva o corpo, e mais ainda a alma. Ela vai encurvando até quase tocar o chão. E o caminho vai ficando cada vez mais difícil de se percorrer.
É uma noção de solidão tão forte, tão palpável que à vezes parece que vou me afogar debaixo da minha consciência. É uma falta de sentido em tanta coisa que está em volta, que a sensação de que tudo vai desaparecer em um instante quase faz desmaiar. 
Uma dor sem motivo aparente, a cabeça que voltou a latejar. Acordar já com dor de cabeça, já com enjôo, já com o coração aos pulos como se fosse sair pela boca e sem nenhum porquê para tudo isso. Os olhos que pesam junto com a vida. A vontade mais do que enorme de deitar e ficar ali para sempre. As coisas esperadas e boas que parecem não ter sentido de serem boas. A vontade de falar em alto e bom som algumas verdades para uma porção de gente. Mas que não pode, não deve, não é educado. E alguém se preocupa mesmo com isso? Tanta injustiça escancarada, batendo de frente com a gente todo dia, apontando o dedo na nossa cara e gritando que somos uns merdas e não vamos conseguir mudar nada... A falta de ar, de falar, de andar eretamente...Um caminho solitário no coração vazio dessa vida estranha. 
E o dia continua passando.

Esta é a vida...

Vivemos para dormir e comer. Passo a semana inteira esperando o fim de semana para dormir e passo o dia todo esperando a hora do almoço e da janta. E às vezes penso que mesmo que minha vida fosse muito mais animada, muito menos comum e igual à de todos, mesmo assim teria a mesma falta de porquê de agora. Viveria para comer e para dormir. A gente sempre espera alguma coisa. Sempre fazendo coisas pensando no futuro, para ter um futuro melhor, para ter uma vida melhor, mas a gente nunca consegue parar para aproveitar essa tal vida melhor do jeito que gostaríamos. E quando conseguimos não nos adaptamos às mudanças. Sempre correndo atrás de alguma coisa melhor, maior e que valha à pena que quando tudo isso parece chegar fica só o sentimento de vazio. De que já que chegamos ao que queríamos não tem mais porque continua caminhando. 
Muitos empresários não se aposentam porque não conseguem se acostumar com uma vida sossegada, só com sombra e água fresca. Muitos deles quando resolvem se aposentar acabam se matando porque não agüentam o peso do nada para fazer. Se sentem inúteis, como um sapato velho que não cabe mais.
É preciso se sentir útil para a maioria das pessoas. É preciso saber que o que você faz é importante para alguém. Não estamos aqui nessa vida à passeio, eu pelo menos não estou e apesar de viver uma vida corrida, cheia de coisas para fazer, cansativa e tudo o mais não consigo ficar parada, só vendo o tempo passar. Apesar de a vida parecer chata demais quando penso que vivo esperando para comer e dormir, ainda acho que prefiro tudo assim do que ao contrário.

Matemática

E infinito tem fim? Não que se saiba... Ele vai, vai e quase chega a zero, mas não chega. Então se na matemática é assim, porque no coração também não é? Por que seu amor dito infinito acabou? Por que minha felicidade infinita conseguiu chegar a zero? Na teoria parecia tão certo. Tão 1+1=2. Mas na prática não foi assim não, sabia? 1+1 foi igual a 1 mesmo. Porque só sobrou eu aqui com um ponto de interrogação na cabeça. Talvez tenha sido uma soma binária. Quando o resultado é 1 ou 0. Daí deu 1 que sou eu sozinha. Ou será que deu 0, que é como estou por dentro? Vazia... Sei lá, talvez não tenha havido uma união no nosso conjunto de gostos e sim uma intersecção, mas o que sobrou não foi suficiente, porque o que tinha em comum foi tão pouco... Tentei derivar o seu amor e integrar ao meu, mas você não quis e no fim a conta ficou inacabada...
Tentei descobrir de todas as formas que pude, mas por mais lógica que a matemática seja, não me serviu de nada para entender porque você me deixou.

PS: História baseda na minha mente sem nada de real, escrita no meio da aula de Analise de Sistemas :P

Daquilo que magoa

Se tem uma coisa que me deixa muito nervosa, é quando alguém tem algum problema comigo e não vem falar para mim sobre isso. A pessoa fala com meus amigos mais íntimos, mas não tem a moral de vir falar pessoalmente comigo. Isso me deixa muito puta. E analisando a quantidade de vezes que isso já aconteceu, tenho começado a achar que o problema é comigo. Eu sei que não sou tão amigável quanto gostaria, que às vezes dou patadas desnecessárias, que não tenho muita paciência nem medo de falar o que penso, mas não acho que isso deveria servir como repelente de pessoas. Ainda mais no caso mais recente, em que a pessoa que deu essa mancada deveria me conhecer suficientemente bem para saber que eu não iria maltratá-la se viesse falar comigo. Mas não foi assim, e mais uma vez me senti meio traída, magoada e não vai ser fácil perdoar. 
Eu sou sem noção, mas não tanto. E queria que as coisas não fossem assim. Queria que as pessoas que convivem comigo, fossem tão sinceras comigo quanto sou com elas. Queria que houvesse mais reciprocidade, mas não dá para fazer com que todo mundo haja como nós. Cada um tem um jeito de ver as coisas e um modo de agir em determinadas situações.

Overdose de gente

Sabe aqueles momentos em que estamos totalmente anti-sociais? Pois bem, é um desses momentos. Se pudesse ficava o mês inteiro trancada no quarto só lendo e assistindo filmes. Acho que é o final de semestre que me deixa assim. Rola uma overdose de gente. Gente no trabalho, na faculdade, no bairro, em casa... Além de uma overdose de mim mesma. Quanto mais pessoas você conhece, mais tem que interagir com elas. Quanto mais você interage, mais você se vê, ouve a própria voz e os próprios pensamentos. E isso, depois de alguns meses cansa. Cansa ao ponto de você não ter paciência com mais ninguém. Parece que tudo que os outros fazem irrita, mas a culpa não é das outras pessoas, é de você. 
Eu tenho consciência disso e apesar de tal consciência não consigo evitar meus arroubos de grosseria gratuita e acabo sendo a mais chata. Daí, fico mais cheia de mim mesma, com mais vontade de sumir debaixo da cama para não correr o risco nem de me ver no espelho. O pior dessa fase é que ao contrário de uma TPM ela não tem data para acabar. Talvez nas férias da faculdade, mas quando começarão essas férias efetivamente? Tento caminhar do jeito que dá, segurando a língua quando ela não consegue ser mais rápida que o pensamento, tentando não parecer irritada por tudo no meu tom de voz. Mas não é fácil, ainda mais para uma pessoa tão impulsiva como eu sou.
Caso um de vocês tenha presenciado tal lástima, peço desculpas e torço para ficar calma o mais rápido possível.

Sei lá...

Devia haver um jeito de tirar a dor das pessoas. Um jeito de abrir o peito mesmo e arrancar tudo de triste que faz mal àquela pessoa.
Colo devia ser suficiente, ou quem sabe uns tapas na cara para a pessoa acordar. Palavras têm muita força, mas às vezes parece que não são suficientes para mudar uma decisão, que na verdade não devia ter sido tomada.
As pessoas fazem coisas que desacreditamos, que achamos impossíveis virem de tal criatura, e quando o fazem entristece tanto, nos torna impotentes, faz a gente repensar uma porção de coisas.
As coisas deviam ser mais fáceis. E certos pensamentos não deveriam insistir em martelar tanto dentro da cabeça.

Coração de Pedra


Coração de PedraEle deveria já ter se acostumado com o fim. Com a solidão e com tudo que vem com ela. Mas mesmo depois de tantos anos sozinho, sem ter conhecido ninguém que valesse à pena de verdade, sentia seu coração doer. Era como se tivesse arrumado os cacos de seu coração partido e colado com cola barata e mesmo tendo juntado tudo quanto pôde, ainda faltava um pedaço que nunca encontrou mesmo procurando por todos os lados. Depois, colocou o coração em uma caixa de pedra, trancou e jogou a chave fora. E cada vez que alguma coisa acontecesse, uma determinada música tocasse no rádio ou o pôr do sol fosse tão bonito que faltava o ar e seu coração queria bater mais forte, não conseguia, pois estava trancado dentro daquela caixa. E isso doía, tanto, mas tanto que não sabia mais como agir. Já tinha se acostumado com seu novo coração de pedra, ou pelo menos pensava que sim. E sentia que por mais que doesse quando ele tentava bater do jeito preso que estava mais dolorido seria se o deixasse livre e solto. Porque livre, ele poderia cair e quebrar de novo, e dor como essa ele não suportaria uma segunda vez.


Desculpem, mas precisava desabafar.

Existem certos trechos da nossa memória que deveriam realmente ser totalmente apagados. Ou melhor, existem certas pessoas que deviam ser totalmente apagadas da nossa memória. Já que não deu para evitar que elas entrassem na nossa vida, ao menos poderíamos ter o poder de apagá-las para sempre, para não ter que reviver todo santo dia a dor que ela nos causou. Juro que se tivesse um médico capaz de fazer isso, igual ao filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", eu faria. Há um tempo atrás não teria tal coragem, mas hoje em dia faria sem pestanejar. Pelo menos não perderia meu tempo tentando pensar em outra coisa ou dizendo coisas péssimas para que tal pessoa entenda de uma vez por todas que tudo o que eu preciso é ficar em paz. Você já refez tua vida, não foi? Já tá feliz de novo com tudo reconstruído e cheio de amor para dar, certo? Então deixa que eu faça o mesmo. Ô criatura egoísta, Deusdocéu!
Desculpem, mas precisava desabafar.

Os dias passam rápido demais

Os dias passam rápido demais. O tempo seca, depois molha para secar de novo. O coração ri, depois chora e depois emudece. Parece querer se esquecer e mergulha na rotina prática, que é mais fácil. E o descanso chega, mas não dá para descançar, e logo acaba e tudo começa de novo, em um ciclo confuso e irritante. E o humor muda a cada minuto passado, e a raiva é engolida e dói na garganta. E a vontade é gritar para todo mundo ouvir que isso aqui não tinha que ser assim. Que podia ter sido diferente. Tanta coisa podia ter sido diferente. E a mente dá voltas e voltas em volta dela mesma. E ninguém entende nada. 
E as horas passam, e sem saber, sem nem notar a vida passa junto com elas...

Gente grande

Não quero mais ser gente grande. Gente grande tem preocupações demais, responsabilidades demais, chateações e vazios muitos. 
Ser gente pequena é ser mais leve. mais tranqüilo, sem precisar ter medos de verdade. Ser gente grande pesa, faz a gente caminhar mais lentamente, faz os olhos quererem fechar o tempo todo, faz a gente ser pequeno, mesmo sendo grande.
Ser gente pequena faz a gente se sentir grande, importante, sempre cheio de idéias mirabolantes que podem salvar o mundo. Gente pequena tem esperança sobrando e tristeza faltando. Gente grande costuma ser o contrário.
Gente pequena costuma ter tempo para as coisas boas, para as pequenas grandes coisas, para cochilos de tarde, sorvete de palito e nuvens em forma de bichos.
Gente grande não tem tempo porque perde uma grande parte dele parado no trânsito, ou fazendo contas, ou resolvendo problemas de outras gentes grandes. 
Ser gente grande é chato. E eu já cansei dessa brincadeira.

Sempre saudades

Bateu saudade. Não sei de quê, não sei de quem, só sei que deu muitas saudades. Saudades dessas que a gente desconhece. De tudo de bom que já aconteceu um dia na vida. 
Dirigindo à noite, a chuva batendo no vidro, o limpador fazendo sua dança na frente dos meus olhos com seus passos iguais e simétricos, Marcelo Camelo melodiando no rádio, e o coração apertando de saudade. O corpo ansiando por um abraço apertado e verdadeiro, um colo, um cafuné, um par de pés a mais na cama para esquentar os meus dois gelados...
Uma saudade já bem conhecida, vinda de longe, de vidas passadas, de sonhos perdidos, de um mundo que não existe mais. Coisas que passam, mas deixam a saudade sempre perto, sempre nítida... Sempre a sensação que falta alguma coisa. A sensação de que o que passou foi melhor do que tudo o que está acontecendo no momento. E daqui um tempo, o que está acontecendo vai doer saudades do mesmo jeito das que doem hoje do que já passou. Pensamentinho confuso, sentimento meio inútil essa tristezinha dolorida do que já foi, ou do que ainda vai acontecer. Estranho sentir saudade do que não existe. Estranha essa vida cheia de coisas...

Confusões e pessoas

Porque as pessoas não percebem que precisam de ajuda? Você tá lá todo dia, vendo aquela pessoa que você gosta muito fazendo várias merdas, uma atrás da outra, e prejudicando pessoas ao redor e sabe que não pode se meter porque tudo que você tinha para dizer já foi dito, e não adiantou de nada. Como pode uma pessoa preferir viver assim, sabendo que algo não está certo ao invés de procurar a ajuda certa, e continua levando as coisas do jeito que estão, não se importando com quem ela fere em volta? Como a gente pode conseguir seguir bem, sabendo que nem tudo está bem, mas que também não podemos fazer mais nada? Como não se importar com tudo isso?
Eu tentei não me importar, não me envolver, esperar as coisas se tornarem insuportáveis até que alguém agisse por conta própria, mas tudo fugiu do controle, e parece que agora está bem pior. E o peso da reponsabilidade que surgiu em minhas costas naquele momento ainda permanece, e o coração ficou muito apertado e ainda está assim.


...e ao mesmo tempo, toca lá no fundo da mente...
"... deixa eu te ninar, deixa eu perder meus dedos nos seus cabelos... 

Endurecimento de alma


Percebo o que mudou com o passar dos anos. Não sinto mais tanta poesia, nem tanta fé como um dia já senti. Algo me joga de um lado para o outro, como em um furacão. Tento ver as coisas mais coloridas, fazer com que os cheiros doam no peito a saudade do que já foi, tento fazer das coisas reais um pouco fantasiosas para não me perder de vez. Me esforço em sentir com todas as forças tudo o que vem quado toca uma música bonita ou quando leio uma história que poderia ter sido minha, mas vejo cada vez mais as coisas se tornando realistas demais, práticas demais, sem tempo para o que poderia ser belo e simples, achando falta de tempo em ler um texto que poderia ter sido muito bonito em outra ocasião, achando que todas as histórias de amor, todas as palavras de saudades não passam de besteira, porque no final nada disso dura de verdade. Tenho me tornado uma pessoa cética, e isso me assusta. Parece que o coração que diziam ser de pedra e nunca foi, está finalmente endurecendo. E isso assusta. Como minha amiga diz, levantei um muro alto demais e não sei se terei coragem de destruí-lo de novo. Parece tão mais seguro do jeito que está. Mas de que adianta uma vida de números, cálculos, bens materiais? De que adianta continuar assim? Afinal, qual é o melhor caminho a seguir? Ser feliz, já não creio, eu só peço um pouco de paz.

(...)

Tinha tanta coisa para escrever. Tanta coisa para desabafar. Mas de repente tudo emergiu e foi embora antes que eu pudesse pegar o lápis e o papel, ou que conseguisse organizar as idéias. O que restou foi uma dor de cabeça da mais chata e um vazio enorme, mas diferente do vazio de sempre.
Quando as coisas voltarem ao meu normal, que não é tão normal assim, quem sabe as idéias voltem a brotar da cabeça de forma que eu possa passar para o papel.
Enquanto isso, fiquemos no aguardo.

Toda dor do mundo

O tempo anda meio estranho. Chove e faz sol, e chove de novo. E vem aquele cheiro de alguma lembrança distante que por mais que a gente tente se lembrar qual lembrança é, simplesmente não consegue. E assisto à mais um episódio do seriado que tanto me faz pensar sempre que acaba. E a garota do seriado sofre e chora e questiona tudo e daí vem toda a dor do mundo de uma só vez. Toda aquela dor que a gente deixa quieta, que a gente esconde quando está na frente dos outros. Aquelas coisas que a gente finge que não nos fez mal, mas na verdade fez e a gente só se dá conta quando uma personagem joga isso na nossa cara de um jeito ou do outro. E daí eu choro por tudo... Pelo mundo injusto, pela falta das pessoas queridas, porque não tem sorvete na geladeira, por causa do aquecimento global e do sofrimento dos pandas e dos pinguis... E tudo aquilo que um dia fez sentido deixa de fazer. E tudo se transforma em um enorme buraco negro que te puxa para dentro e não há mais nada que se possa fazer, senão fechar os olhos e aceitar que as coisas são assim e pronto.

Simples assim

E aí quando você acha tudo bom e que tudo anda às mil maravilhas, sempre vem alguém para estragar tudo. Para fazer tudo parecer errado, para te fazer sentir um lixo, para não deixar você esquecer que isso aqui é a vida real e que ela não é para se brincar, e que não adianta baixar a guarda, porque quando você faz isso você acaba de magoando. Sempre. É sempre assim e sempre vai ser independente de como estão as coisas. E pode parecer besteira, pode parecer pequeno, mas para quem vive sempre com o copo quase cheio, qualquer gota d'água pode fazer facilmente tudo transbordar.
Acho que precido de terapia, mas tem gente que precisa bem mais que eu.

"De dias frios se faz a tristeza do mundo

O frio sempre acabou comigo. Sempre senti uma tristeza imensa que quando esfria parece que aumenta de tal forma que tem dias que dá falta de ar. Meu humor é totalmente influenciado pelo tempo. Eu já tentei evitar isso muitas vezes, mas ele sempre ganha. A saudade parece aumentar com as nuvens cinzas e o vento que corta o rosto. Tudo parece ainda mais comum, e normal e pesado. 
E depois de alguns dias de sol e junto da pessoa certa, parece que esse frio de agora dói ainda mais no peito.

caminhar em cima de vidro

Toda segunda-feira de manhã quando o despertador toca sinto um vazio enorme por dentro. Parece que a música que sai do celular para me acordar entra pelos ouvidos e vai entrando e passando pelos outros orgãos e acabando com tudo. Falta o ar, a alegria, qulquer razão. E não é o trabalho, não é nada que pareça, pois sempre foi assim. Depois passa. As coisas vão normalizando, mas o vazio ainda permanece.
Então vem uma saudade, que nasce desde o momento da despedida até o próximo abraço. E de tanto falar que sente saudade, parece que o sentimento perde o sentido. Parece não ser tão verdadeiro, quando na verdade é mais que isso. É intenso, doloroso, e precisa ser colocado de lado, precisa ser ignorado antes que ele faça tudo parar de vez. Antes que acabe com todo o ar do mundo e faça tremer e desacreditar em qualquer coisa que seja. É difícil sentir tudo assim, como se fosse uma dor física, como se alguém tivesse te arrancado um braço. É preciso ser indiferente, fingir que não liga, colocar em primeiro lugar a razão, quase sempre antes que o coração, para não correr o risco que ele se parta em milhões de cacos.
É como caminhar em cima de vidro quebrado com medo de machucar os pés. Mas eu caminho, mesmo que eles fiquem machucados, e sangrando e que pareça que não será mais possível andar. Porque permanecer parada por medo dos ferimentos é pior do que os próprios ferimentos.

Vivendo de passado

Ele queria mergulhar o mais fundo que conseguisse. Sentir a dor e o prazer disso. 
Se esquecer de qualquer coisa comum, normal, ordinária. 
Queria esquecer o que já tinha vivido de ruim, fechar as feridas que ainda doiam no peito, fingir que tinha acontecido com um conhecido e não com ele. 
Mas não era tão fácil quanto desejava. Sentia que não tinha o controle de tudo e que por mais que tentasse, ia ser sempre assim. 
Parecia que o grande amor de sua vida já tinha passado, logo com ele que era tão jovem e tinha tanto ainda que ver. 
Tantos caminhos a percorrer, tantas mulheres para conhecer, tantas histórias para viver... Por que essa sensação de que a história principal já tinha acontecido? Por que era tão difícil não olhar para trás? O futuro estava a frente, não estava? Não tinha porquê ficar vivendo de lembranças, ficar se magoando dia após dia, e magoando quem quer que estivesse ao seu lado. 
Por que era tão fácil enxergar isso e tão difícil agir da forma certa? Por que não deixar o passado onde tinha que ficar, morto e enterrado e seguir experimentando tudo o que poderia? 
Queria entender. Queria resolver tudo isso, acabar com esse tormento, escutar qualquer música que fosse sem associá-la à ninguém, assistir filmes sem ver em cada cena algo que já tinha acontecido há tanto tempo atrás. 
Queria e decidiu que era aquilo que faria. Por mais que ainda doesse, por mais difícil que fosse tentar fechar as feridas e deixá-las cicatrizar, por mais impossível que parecesse confiar total e completamente em alguém de novo, estava disposto a tentar, nem que morresse tentando. 
Afinal, aquilo não poderia continuar assim, poderia? Ele tinha o direito de ser feliz tanto quanto qualquer outro. 
E seria. Um dia, sem que ele percebesse, ele se veria feliz e completo de novo.

Falta II


Falta II

Vou sentir falta dos três beijinhos que me dava quando vinha me cumprimentar e dizia que era "pra casar". Da risada retumbante que anunciava sua chegada aonde quer que estivesse. Dos óculos divididos em dois graus: embaixo para perto e em cima para longe. De ir na sua casa e almoçar aquela comida boa que ele fazia tão bem. De vê-lo passar em cima de sua bicileta azul. Dos queijos e doces que trazia quando vinha para São Paulo. De ficar ouvindo ele falar das coisas com tanta prioridade. Da sua humildade apesar de tudo. Do bom humor, do carinho e dos telefonemas.
Certas pessoas simplesmente deveriam existir para sempre, mas como tudo um dia acaba, ele também se foi. E a gente ficou aqui, com o vazio, com a tristeza e com a saudade, que nunca vai acabar mas que, "se Deus quiser", com tempo vai diminuindo um pouco.

Em memória do meu querido tio que foi morar junto com as estrelas há umas duas semanas atrás

Vazio

Olhar pela janela e ver chuva e nuvens negras já se tornou algo normal.
Sentir que se está andando em círculos. Como que presa em um labirinto escuro e silencioso. O vazio existente chega a queimar de tão fundo que se encontra. Às vezes tudo parece um sonho estranho que no próximo passo vai simplesmente deseparecer. Os sons não são mais os mesmos, nem os gostos ou os cheiros. A percepção das coisas simplesmente foi alterada. Quem dera esquecer um punhado de más lembranças. E junto com elas os tais maus sentimentos. Quem dera respirar sem dificuldade, não se sentir encurralada, nem fraca ou tola.
Olho para os livros na estante e eles parecem me interrogar, implorar minha atenção, querer que eu lhes dê atenção. A televisão me cansa, os vizinhos brigando me cansam, a tentativa inexgotável de ser grata e feliz me cansa. Na maior parte do tempo quase nada faz sentido, tento imaginar um oceano, com seu silêncio e sua profundidade para quem sabe esquecer do que faz doer.
A solidão me envolve de uma forma sufocante, e sem saber como ou porquê, me vejo chorando em um canto escuro do quarto.

Adeus

É muito difícil quando alguém que a gente gosta muito vai embora. Não importa o modo nem se já estamos esperando por isso, dói do mesmo jeito. Isso quando não demora para a gente se tocar que aquela pessoa tão querida não está mais ali presente. E quando a gente percebe, parece que o chão desaparece sob os pés e que vamos ser engolidos por um buraco negro, para um lugar escuro e frio. É difícil entender o que aconteceu. Por quê aconteceu. O mundo fica um pouco de cabeça para baixo. E às vezes parece que não vai voltar ao normal.

Descansa, coração

O coração da gente às vezes precisa de folga. Precisa de um tempo para si mesmo, só para ver como é que é estar vazio um pouco. 
Às vezes é bom deixar ele quieto um pouco, só ali bombeando o sangue para o resto do corpo e nada mais. Sem grandes emoções, sem bater acelerado quando se escuta determinada música ou determinada voz. Sem se sentir derreter quando se recebe um abraço de algum certo alguém. 
Coração também precisa de férias, de descanso de tantas emoções que deixam ele arrebatado, apertado, sem ar! Precisa dormir em paz um pouco, sem se desesperar quando um sonho é grande demais para ele segurar. Ele precisa respirar aliviado, para ganhar força para o próximo amor, a próxima paixão ou para o próximo grande momento. 
É bom deixar ele tranquilo, sem se estressar, sem se magoar ou se perder no som de outro coração, que às vezes nem está no mesmo ritmo que ele.

O passado

Às vezes me pego relembrando o passado. Ao ouvir uma música, ou sentir um cheiro. Tem vezes que é lendo algo, vem alguma lembrança de algo vivido há tanto tempo, que até parece que aconteceu em outra vida que não essa. Às vezes até penso se fui eu mesma quem viveu tudo aquilo, e não outra pessoa que já está morta e enterrada e agora sou só uma guardadora de suas memórias. E aí a gente percebe o quanto mudou.
Nesses momentos vem uma saudade incrível de coisas tão pequenas. Coisas simples, que na época pareciam tão comuns e frívolas, mas que hoje que não existem mais, denotam toda a importância que tinham. E aí me dou conta da velha frase que só damos valor a algo quando perdemos. E tento, em vão, olhar para as coisas simples de hoje dando o seu devido valor. Mas é difícil. É muito difícil simplesmente viver o presente. As lembranças estão sempre por perto. Sempre aparecendo de repente e dando aqueles apertinhos no peito, ou fazendo surgir um sorriso inevitável.

Eu e eu mesma

Eu me lembro quando era adolescente de responder àqueles cadernos de perguntas que várias meninas faziam, só para descobrir um pouco mais da vida alheia. Lembro que dentre as várias perguntas sobre cor ou time favorito e se gostava ou não de alguém, costumava ter a pergunta: "Se você pudesse ser outra pessoa, quem seria?". Lembro que eu sempre respondia que não gostaria de ser ninguém além de mim mesma. Mas lembro também que respondia dessa maneira, mais por parecer a resposta certa a se dar, do que por realmente não querer ser nada além de mim. Não que houvesse alguém que eu admirasse ao ponto de querer ser aquela pessoa, mas ao mesmo tempo não me sentia plenamente segura quanto ao fato de querer ser somente eu. Na realidade minha auto-estima naquela época não era das melhores, logo era normal ter dúvidas quanto a isso.
Hoje percebo que se tivesse que responder a essa pergunta, seja em um caderno de adolescente, ou a qualquer pessoa, responderia que não gostaria de ser ninguém além de mim mesma, sem titubear. Faz tempo que não me sentia assim, satisfeita em ser somente eu. Com meus vários defeitos, minhas não tão várias qualidades, meus gostos, meu som, meu rosto, meu tempo, meu tudo. Parece que de alguma forma que não sei dizer como, tudo está em harmonia. Meu eu entrou em um equilíbrio nunca antes sentido. E é bom isso. É bom se sentir em paz consigo mesmo, pelo menos uma vez na vida.

Estressando


Estressando

Bizarro. Outro dia quase tive um treco no serviço. Fiquei tensa, palpitação, tremedeira, essas coisas. Cheguei no ambulatório e a médica me deu um calmante e me colocou para dormir. Aí fiquei pensando. Se eu estou mais tranquila, tentando não me estressar com besteira, como tive um ataque de nervos do nada?! Minha mãe acha que é exatamente porque estou me contendo. Não estou estravasando tudo que deveria. Aí eu entro em um dilema. Se me estresso, meu corpo reclama, se não me estresso ele reclama do mesmo jeito. Como é que faz para resolver uma situação dessas? Alguém saberia me dizer?!

Cotidiano

Ela toma sua água como se fosse a melhor bebida do mundo. Olha pela janela e vê o vento balançando as folhas das árvores com imenso vigor. Olha a tela do computador sem a menor vontade de fazer nada. Ela sabe que tem uma lista enorme de tarefas, mas não consegue se mexer. Simplesmente não consegue. O sono bate em seus olhos reclamando da noite mal dormida. As pessoas a deixam irritada e ela nem sabe direito o porquê. Queria estar em casa, em seu quarto com seu livro e seu cachorro, mas ainda é cedo demais. Precisa trabalhar por mais de uma hora e depois aguentar mais uma hora de trânsito até finalmente chegar em casa. Olha para as unhas pintadas de vermelho, para o teto branco, sem ânimo, sem vontade, sem gás para continuar. Isso porque a semana só está começando e a consciência disso parece pesar ainda mais. Suspira. Olha o calendário. Muda a posição que está sentada. E o relógio insiste em passar bem lentamente. Sem se importar com suas angústias. A colega de trabalho faz comentários que ela preferia não escutar. Queria ser invisível, pelo menos por hoje. Está cansada de tudo e de todos. De tomar decisões, de resolver pendências, de querer tanto tantas coisas e conseguir tão poucas. Resolve voltar ao trabalho, assim o tempo pode resolver passar mais rápido. Tira energia do fundo de seu ser. E tentando não olhar para o relógio, torce para que o dia termine logo.

Fim

Um belo dia você vai olhar para o lado e eu não estarei mais ali. Simples assim. Terei ido embora, sem aviso, se recomendações, sem despedidas. Vai sobrar o cheiro, o riso, a voz, as lembranças boas do que poderia ter sido e não foi. Mas eu mesma, de carne, osso e pensamento não mais.
Um belo dia tudo estará mudado, e depois de algum tempo você não mais pensará em mim. Não com a mesma frequência. De vez em quando, em uma data específica talvez. Você vai olhar o calendário, olhar aquela data tentando descobrir o que ela te lembra e depois de algum esforço você vai se lembrar de mim. Vão durar alguns segundos, você vai sentir uma leve dor de saudade no fundo do peito, respirar fundo e continuar seu dia, sem mais delongas.
Nada dura para sempre. E é bom que você já saiba disso agora, enquanto ainda estou por perto. Para quando eu me for, você tenha o consolo de que já sabia. De que de um modo ou de outro você esperava por aquilo. Esperava pelo fim. Porque tudo acaba. Tudo um dia chega ao seu final. A gente querendo ou não.

Sozinha

Acontece que o dia foi ficando pequeno diante de tanta coisa. Tanta coisa para fazer, para pensar, para sentir...
Respirar começou a se tornar difícil. Existir se tornou pesado. Olhava em volta e parecia que as paredes iriam se fechar em torno de si a qualquer momento.
Queria se abrigar daquela enxurrada de sentimentos. Se esconder atrás de uma montanha de comida talvez adiantasse de alguma coisa. Podia também devorar livros e filmes e esquecer sua vida para se perder nos problemas de outra vida. Ou quem sabe dar um pulinho no shopping e estourar o cartão de crédito em compras inúteis, porém salvadoras.
Caminhar sozinha, com aquela mente cheia de pensamentos e idéias estava cada vez mais difícil. Tinha que compartilhar o fardo com alguém. Mas não podia. Sabia que não podia. Ela tinha que se virar sozinha, aguentando o peso ou não. Querendo desistir ou não. Ninguém devia se meter. Ela tinha que fazer o que tivesse que ser sozinha. E se conseguisse, talvez pudesse afinal se libertar.