quarta-feira, 13 de junho de 2012

Acordei, levantei da cama, abri a cortina e deixei o sol entrar. Acordei de ilusões que eu criei quase sozinha, levantei da cama que nunca foi nossa, a luz entrou e devolveu a vida que não entrava naquele quarto há anos. Torci meu travesseiro e deixei escorrer anos de noites mal dormidas, de planos não realizados, de saudade de você. Como quem tava a tempo demais no escuro e, de repente, se depara com uma luz muito forte, me doeu os olhos, mas logo me curei. Não tive tempo de pensar no que se foi, no que não chegou a ser ou no que poderia ter sido. Arrumei a cama, tinha visita. E perfumei o quarto, decorei, me refiz. É outono e quem diria? Deixei meu velho amor ser varrido junto com as folhas da estação. Tão clichê quanto minha espera eterna e inútil, nosso filme travado no replay, tuas desculpas sem culpa, ditas por obrigação e não pra se redimir. Deixei varrer porque não nascia flor a muito tempo, não é? Você sabe, você quem parou de regar. Sempre economizou água e o amor foi crescendo sozinho, se alimentando de mim. Mas agora tá voando pelo chão e eu tenho visita. Não me liga, por favor. Me poupe dessa reviravolta de querer tudo que eu sempre quis tanto te oferecer, só porque agora tô oferecendo pra outro. Você sempre me deixou pra depois, mas agora não tem mais depois, porque sou presente de um outro alguém. Presente em todos os sentidos, presente que você nunca chegou a abrir completamente, por falta de coragem ou interesse. Mas já não importa, porque daqui a pouco chega minha visita e eu não tenho tempo pra te explicar o que você nunca quis ouvir. Sempre fugiu e agora quer ficar? Não confio em quem não sabe o que quer. Queria o mundo e agora quer a mim, só porque arrumei a cama. Disse que te amava e você pediu pra eu não repetir, agora quer meu colo como abrigo? Não sou casa pra covardia, não tenho tempo pra gente mal resolvida, já sou peso demais pra mim. Enfim, agora me dá licença, a campainha tá tocando e eu preciso ser feliz. Tudo claro, calmo, tudo novo. Recomecei, me zerei, deixei entrar e, principalmente, sair. Você sempre quis o mundo, agora tem, sem ninguém disputando espaço. Tá achando pouco? Sempre fez questão, sempre quis tanta opção e agora, eu finalmente, te libertei, sem nunca ter te prendido. Devia estar feliz. Só me deixa também, sem bater na porta, pra não sentir o gosto de ser atendido por um outro alguém. Meu novo alguém. Fica bem. Fim.
Cheguei a conclusão que, ficar com alguém só por amor é uma péssima ideia.
Pessoas que se recusam a acreditar nesse fato acabam quebrando a cara incontáveis vezes. Porque o amor é necessário, mas ele sozinho, não sustenta uma relação. É preciso muito mais do que isso. [...] Parceria, respeito, companheirismo, objetivos de vida similares, sexo de qualidade, são apenas algumas dentre as diversas características necessárias pra se sustentar um relacionamento formado por duas pessoas distintas. Sem elas, desculpe-me o Cazuza, nem todo amor que houver nessa vida é o bastante.

haha
Resolvi bancar a sem coração até ele começar a doer e eu não conseguir mais ignorar a existência dele e a sua. Era uma dor pesada que, acima de tudo, gritava que eu havia feito tudo errado. E de fato havia. Virei pra trás, desarmada e completamente arrependida, mas não te vi. Nem no chão, nem num banco, nem em pé me observando errar.
Dizem que garotas indecisas não conseguem ser felizes para sempre, e que não importa o que aconteça, estarão sempre insatisfeitas querendo o impossível e deixando para trás o possível. Insanas, silenciosas e perigosas. São acumulativas e explosivas, costumam a guardar palavras e esconder sentimentos, são realmente ótimas nisso, fazem a todo momento.
"Quando você é criança, a noite é assustadora. Porque existem monstros escondidos debaixo da cama. Quando você cresce os monstros são diferentes. Desconfiança... Arrependimento... Solidão... E embora você seja mais velho e mais sábio, você ainda se vê com medo do escuro."
 Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente... Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem?..."
" O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê! "
Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só. çç'