sábado, 27 de agosto de 2016

é calmo e profundo o silêncio entre mim e o mar. mas há saudade. sabemos que há uma saudade invisível que se expande por toda imensidão e ainda assim, não cabe no oceano. e há versos. presos, entalados, amarrados na laringe. mas a amargura do sal arde em meus lábios e não me deixa sentir. a maresia cheira à desencanto. e há a sua falta. que mora no fundo das conchas (e entre os grãos de areia e entre as estrelas que refletem acima do céu azul marinho) e retine baixo, num canto harmoniosamente triste. contemplo o encontro sublime entre o oceano e o luar estrelado e é bonito te sentir. emaranhado dentre as coisas que deixamos pra trás e ficaram guardadas nos nossos refúgios particulares. de repente, não ouço mais os ponteiros correndo. o tempo não mais existe. te amo quando amanhece e o sol vai clareando devagarinho o contorno das ondas. e te amo quando anoitece e a turbulência do mar arrasta tudo que é seu, de volta para as profundezas. eu me deito sob a areia branca e sinto um gosto bem mais amargo que o sal nos lábios, quando as lágrimas jorram olhos a fora e eu só consigo enxergar, num embaçado de nuvens eufóricas, as estrelas despencando pra me consolar. te procuro dentro das minhas incompreensões e sei que sua ausência sempre será o motivo do meu imenso desassossego.
e descanso no teu peito imaginário, a incógnita de não saber mais quem sou quando não te encontro..  quando nada do que existe de você é palpável.
os dias em que eu te amo são ainda mais infinitos quando você não está
e você continua mais bonito (e intrigante) que um quadro de Van Gogh.

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